Noturno - Mário Faustino
Nem uma só verdade resplandece
Neste verão sonhado por abutres.
O ano inteiro, o outro ano, e o outro,
Mentidos pela mímica de um bufo,
Contam falsas proezas de funâmbulo.
E os saltos já não podem mais traçar
O mito que exercemos, a parábola.
Neste verão sonhado por abutres.
O ano inteiro, o outro ano, e o outro,
Mentidos pela mímica de um bufo,
Contam falsas proezas de funâmbulo.
E os saltos já não podem mais traçar
O mito que exercemos, a parábola.
Alardes, fugas, flâmulas. Palmeiras
Partilhando o resgate da beleza
Das nuvens criadoras de uma estrela,
De nada mais que uma. O saltimbanco,
Mirando-se nas poças, rejubila.
E ressoa na flauta de anteontem
O repouso de um pântano...
Partilhando o resgate da beleza
Das nuvens criadoras de uma estrela,
De nada mais que uma. O saltimbanco,
Mirando-se nas poças, rejubila.
E ressoa na flauta de anteontem
O repouso de um pântano...
Quanto foste traído! O luar torto
Raiva no campo aberto onde esta noite
Um profeta estremece no seu túmulo.
Raiva no campo aberto onde esta noite
Um profeta estremece no seu túmulo.
Mário Faustino dos Santos e Silva (Teresina, 22 de outubro de 1930 - Lima, Peru, 27 de novembro de 1962) - Além de poeta foi crítico, tradutor e jornalista. Ficou muito conhecido por seu trabalho de divulgação da poesia no Jornal do Brasil quando assinava o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, na seção Poesia-Experiência. Publicou apenas um livro de poesia O Homem e sua Hora (1955). Morreu prematuramente vítima de um desastre aéreo.
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