Mínima Poética - Paulo Henriques Britto
Poesia como forma de dizer
o que de outras formas é omitido—
não de calar o que se vive e vê
e sente por vergonha do sentido.
Poesia como discurso completo,
ao mesmo tempo trama de fonemas,
artesanato de éter, e projeto
sobre a coisa que transborda o poema
(se bem que dele próprio projetada).
Palavra como lâmina só gume
que pelo que recorta é recortada,
cinzel de mármore, obra e tapume:
a fala —esquiva, oblíqua, angulosa-
do que resiste á retidão da prosa.
o que de outras formas é omitido—
não de calar o que se vive e vê
e sente por vergonha do sentido.
Poesia como discurso completo,
ao mesmo tempo trama de fonemas,
artesanato de éter, e projeto
sobre a coisa que transborda o poema
(se bem que dele próprio projetada).
Palavra como lâmina só gume
que pelo que recorta é recortada,
cinzel de mármore, obra e tapume:
a fala —esquiva, oblíqua, angulosa-
do que resiste á retidão da prosa.
Paulo Henriques Britto (Rio de Janeiro, 1951) - Além de poeta, é professor e tradutor. Estreou na poesia em 1982 com o livro Liturgia da matéria, depois publicou Mínima Lírica (1989) e Trovar Claro (1997) com o qual recebeu o Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação da Biblioteca Nacional. Em 2003 publicou Macau, com este ganhou o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira. Depois Paraísos Artificiais (2004) e Tarde (2007). Considerado um dos grande poetas contemporâneos.
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