11 de mai. de 2010


Mínima Poética - Paulo Henriques Britto


Poesia como forma de dizer 
o que de outras formas é omitido— 
não de calar o que se vive e vê 
e sente por vergonha do sentido. 
Poesia como discurso completo, 
ao mesmo tempo trama de fonemas, 
artesanato de éter, e projeto 
sobre a coisa que transborda o poema 
(se bem que dele próprio projetada). 
Palavra como lâmina só gume 
que pelo que recorta é recortada, 
cinzel de mármore, obra e tapume: 
a fala —esquiva, oblíqua, angulosa- 
do que resiste á retidão da prosa.

Paulo Henriques Britto (Rio de Janeiro, 1951) - Além de poeta, é professor e tradutor. Estreou na poesia em 1982 com o livro Liturgia da matéria, depois publicou Mínima Lírica (1989) e Trovar Claro (1997) com o qual recebeu o Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação da Biblioteca Nacional. Em 2003 publicou Macau, com este ganhou o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira. Depois Paraísos Artificiais (2004) e Tarde (2007). Considerado um dos grande poetas contemporâneos.

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