25 de abr. de 2010

blog de antonio carlos miguel


música, religião, Gismonti, Morelenbaum...

a entrevista com Egberto Gismonti, publicada nesta quinta no Segundo Caderno, suscitou um debate entre kardecistas e não crentes, diferentes visões... Meio inevitável, já que o gancho era a trilha sonora que ele fez pra "Chico Xavier", o filme dirigido por Daniel Filho que vem arrebanhando público - no terceiro fim de semana, bateu dois milhões de espectadores.
prum sem religião como eu, o longa me ofereceu um perfil simpático do médium, muito bem "reencarnado" nas três fases de sua vida, especialmente na pele de Ângelo Antônio. Mas já ouvi de espíritas críticas, de um médium, a ideia de que seu colega estaria caricato, principalmente seu anjo, Emanuel. No entanto, em fotos, entrevistas na TV, Chico Xavier sempre foi meio caricato... E aqui não vai ironia alguma, apenas uma constatação.
além de rever um músico que acompanho há décadas (fiz essa foto por volta de 1973/74), também me rendeu uma bela mensagem de Jaques Morelenbaum, que reproduzo com a devida autorização. Aliás, conheci o violoncelista na mesma época em que assistia aos frequentes concertos de Egberto (e Victor Assis Brasil, Hermeto Pascoal...) no Rio do início dos anos 1970. Na época, Jaquinho tocava n'A Barca do Sol, banda mpb-rock-prog ou algo por aí, que tinha Gismonti como guru. Fui apresentado à turma por Bita, irmã de Geraldo Carneiro, que, então, atendia como letrista tanto a Barca (que também tinha entre seus tripulantes o irmão Nando, mais os irmãos Marcelo e Muri Costa...).
então, vamos ao texto de Jaques Morelenbaum (com uma foto que pesquei na grande rede), que eu tinha procurado para saber o que pensa desse perfil de João Gilberto no facebook, ou fakebook?, e me contou que vira e gostara da entrevista de Gismonti...("First thing in the morning, diria certamente Tom Jobim.")
 "Nunca esquecerei do 'furo que dei ao reunir-me com o rabino que celebraria meu casamento com a Paula. Fui cometer a impropriedade de afirmar em minha santa inocência o mesmo que a manchete do artigo de hoje: “minha religião é a música”. Em outras palavras, fui dizer a um cidadão dedicado à religião e ao culto que a música supria totalmente minhas necessidades e anseios espirituais. Ele ficou ofendido, coitado... E eu me toquei da bela oportunidade de ficar calado que desperdicei...
Aprendi há muito, no curso de improvisação na Música Clássica Indiana que fazia parte de meu currículo no New England Conservatory, em Boston, que a música é considerada entre os hindus como um das 5 trilhas (paths) para a iluminação (entre elas a meditação, o jejum, etc...) e que os músicos, por sua habilidade de escutar o Ohm, o som do universo, e de interpretando-o, traduzi-lo e traze-lo aos mortais, são considerados por eles como semi-deuses.
Bonita a imagem, essa revelação nunca me deu ilusão alguma, sempre tomei-a como poesia, imagem poética, mas de certa forma ela tornou-se integrante do infinito universo de estímulos que me levam pela vida afora a dedicar-me à música.
Abração,
Jaques"

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