19 de fev. de 2010

momento poético


a chuva chove - cecília meirelles


A chuva chove mansamente… como um sono
Que tranqüilize, pacifique, resserene…
A chuva chove mansamente… Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine…
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono…
Véspera triste como a noite, que envenene
… Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha…
Paço de imensos corredores espectrais,
Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,
Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
Revira in-fólios, cancioneiros e missais…
Melhores Poemas, Global Editora, 1984 – S.Paulo, Brasil

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